De volta a este espaço, depois de tantos dias, farei uma confissão: sou a maior enganadora de candidatas a sogra que eu já conheci. Acompanhe o raciocínio: menina-loirinha-com-cara-de-novinha, boa família, terminando a faculdade. Junte a isto um jeito discreto e voilá! Está formado o perfil de uma nora ideal.
É, mas o mundo não é perfeito. Muito menos eu. Para começar, não sou nada prendada. Semana passada, por exemplo, me engajei na árdua tarefa de abrir uma lata de sardinha. Dez minutos depois, um martelo de bater carne na mão e muito stress na cabeça, a bendita lata continuava fechada. O máximo que eu havia conseguido foi amassar uma parte da tampa. Em resumo: se eu tivesse perdida na ilha de Lost e a Dharma só me fornecesse abridores de latas e sardinha enlatada, eu morreria de fome.
Minha família até já tentou me iniciar no maravilhoso mundo de Ofélia. Mas as minhas trapalhadas foram tantas que sempre é muito mais fácil me mandar fazer qualquer outra coisa e tirar a tarefa da minha mão. Isto acabou gerando um ciclo vicioso: não ajudo porque não sei fazer e não sei fazer porque não ajudo. A não ser miojo, claro. O macarrão instantâneo é a minha especialidade.
Para piorar, tenho ficado ranzinza com o decorrer do tempo. O excesso de coisas a fazer tem me deixado com um mau humor de lascar. Reclamo muito. Tenho paciência com poucos e, mesmo assim, por pouco tempo. Também sou bastante estressadinha e falo palavrões excessivamente (ou pra caralho). Muitas vezes, consigo ser tão alegre quanto uma pedra de gelo. A arrogância involuntária então toma conta do que antes era um lugar ocupado por alguém até bacana.
Mas, querem saber de uma coisa? Exageros à parte, e espero poder corrigi-los, eu acho gente perfeita muito chata.