25 de agosto de 2007

Post levemente psicopata

Se tem uma coisa que realmente me deixa irritada é a falta de companherismo. Trata-se de um tipo de atitude diferente de ser filho da puta com alguém. A falta de companherismo acontece quando aquela pessoa que teve a oportunidade de te ajudar não o fez porque não quis se mexer minimamente. Era uma coisa que dava bem pouco trabalho, mas ela estava pouco se fodendo com a possibilidade de te dar uma mão.

Geralmente a falta de companherismo acontece justamente quando alguém tem uma bela chance de subir bastante no seu conceito - e são as pequenas coisas que tem esse poder. Por exemplo: não querer esperar cinco minutos para você tirar xerox de uma folha que lhe era necessária ou fazer cara de tacho quando você descobre que lhe faltam cinco reais para comprar aquele item tão desejado.

Pode até ser bom dar um empurrão para baixo nessa gente que não fez a menor questão em te ajudar, mas para mim a melhor vingança mesmo é conseguir dar o troco sem a pessoa perceber, fazendo com que ela ainda conte contigo. Traduzindo: ter uma pitada de "O Poderoso Chefão": você fica ferrado com a pessoa, mas vira o jogo de tal forma que, quando ela precisar, vai correr atrás de você - e aí a escolha será sua se ajuda ou não. É deste modo que eu procuro agir.

Sei que a maioria dos meus amigos não devem mais estar querendo manter amizade comigo depois de ler o que eu escrevi acima. Mas a verdade é que dificilmente eu consigo ser filha da puta de verdade com algulma pessoa. Quando algo provocado por alguém me deixa com raiva, eu xingo até a décima geração, além de bolar as vinganças mais sujas, dolorosas e cruéis para o infeliz.

Mas dificilmente deixo isso transparecer para a pessoa. E depois de me distrair com qualquer outra coisa, dormir, etc., sempre penso que de repente o(a) cretino(a) nem é tão cretino(a). Tento entender o que fez tal pessoa agir daquela forma e não raro chego à conclusão de que talvez eu teria feito o mesmo: ou seja, no fundo, fui eu quem não consegui levar a situação da maneira adequada.

Mas, claro, como eu tenho que saciar meu ímpeto vingativo, vou devolver a falta de companherismo no momento adequado. Hipoteticamente falando, é como você lembrar que tem em casa aquele livro que ela tanto precisa, mas nem falar nada porque não faz a menor questão de gastar alguns minutos procurando, coisa que você faria por um amigo. Só se ela pedir - e aí você terá a chance de escolher se fala a verdade ("Tenho o livro e te empresto") ou não -, você PODE até se esforçar.

Sou contra ser filho da puta com alguém, porque é sempre melhor fazer com que ela se arrependa de não ter dado aquela mínima força. "Puxa, ela é tão legal que da próxima vez, vou fazer de tudo para agradá-la": este é o pensamento que deve-se ter em mente.

Também considero que são poucas as pessoas que eu odeio de verdade e, portanto, não estou nem aí se no futuro ela vai pensar em me ajudar. E, apesar de desejar eu própria jogá-las no mármore do inferno para vê-las arderem, evito o confronto. Não porque eu sou uma pessoa de alma superior e ignoro meus inimigos, mas sim porque sou cagona e, assim como seu Jaiminho do Chaves, "prefiro evitar a fadiga".

19 de agosto de 2007

Blue Star Blue (in memorian)

Eu sou o horror de qualquer companhia de telefonia celular: além de ter um plano pré-pago, uso o mínimo possível e fico puta da vida quando tenho que colocar créditos novamente - especialmente porque acho uma palhaçada o fato de seu dinheiro ter validade no celular (por algum acaso o seu banco te obriga a gastar seu saldo até o determinado mês?).


O maior marco desse meu despreendimento pela telefonia celular, porém, era o aparelho. Sim, porque em plena era da tecnologia avançada e cada vez menos durável eu consegui ficar quase sete anos com o mesmo celular. Acho que mais um pouco e a Anatel iria me dar um prêmio.

O "Blue Star Blue" (não sei porque a Flávia Mococa o chamava assim) já estava pré-histórico e nem o Roberto Seresteiro tinha ainda algo tão antigo. Mas eu só o troquei porque ele começou a desligar e ligar sozinho (medo), ouvia-se muito baixa a voz a pessoa do outro lado da linha e a bateria descarregava rápido. Estava quase impossível de usar. Duram nada essas coisas de hoje em dia.

Cedi e até abri um pouco o bolso (à la Canossa, que fique bem claro): ao invés de comprar o mais barato, comprei o segundo ou o terceiro desta lista de pobres. Se bem que não vejo o menor sentido em gastar 1500 dinheiros em um aparelho que faz pior tudo o que eu meu computador faz. E só não sai da bosta da Vivo porque senão teria que trocar o número e eles roubariam meus parcos créditos da mesma maneira que fizeram com os meus nove reais há uns dois meses, quando perdi o prazo da recarga em três dias e eles vieram com a cara de pau de dizer que isso era padrão. Filhos duma égua.

Rápido comentário off-topic: Alguém aí ficou sabendo que no sábado à noite um famoso senador da República foi baleado na Consolação?

Rápido comentário off-topic II: O Jaqueline Sports Arena, templo paulistano dos melhores duelos da história mundial de "Imagem e Ação", está distriibuindo gratuitamente esfihas de carne do Habib's.


(Última homenagem para o finado Motorola C210, também conhecido como "Blue Star Blue")


15 de agosto de 2007

Você percebe que mora longe quando....

- As pessoas te olham com cara de espanto no momento em que você diz aonde fica sua casa;

- Tem todo um arsenal (tocador de MP3, revista, jornal, livro...) para se distrair no trajeto de locomoção;

- Qualquer possibilidade de sair com a maioria dos seus amigos para algum lugar perto da sua casa é veementemente rechaçada;

- Decide numa boa esperar mais de dez minutos para pegar o ônibus e assim ir sentada;

- Se resolve ir de pé mesmo, chega com pernas doendo;

- Um dos caminhos para chegar até sua casa passa por uma estrada;

- Caso não possua carro, precisa sempre dormir na casa de um amigo quando vai para uma balada ou qualquer envento que rompa a barreira das 22 horas;

- Na maioria das vezes sai de casa pelo menos uma hora antes dos compromissos. E acha isso normal;

- Dorme sem o menor problema dentro do transporte coletivo porque sabe que a possibilidade de deixar seu ponto passar durante a soneca é mínima;

- Vai fazer um curso (no caso, na USP) e demora 2h20 para chegar em casa no primeiro dia. Tenta outra alternativa e demora 2h30 no segundo dia. Na terceira oportunidade, com trânsito menos pesado, demora 2h25 (e nota que a sua outra opção está chegando no mesmo horário).

10 de agosto de 2007

Pânico

Que o plantão da TV Globo e sua musiquinha apavorante deixam muita gente assustada não é segredo para ninguém. Em mim, por exemplo, aquela melodia provoca tremedeiras instântaneas e me faz sair correndo de qualquer lugar para diante de uma TV com o objetivo de acompanhar ao vivo última grande desgraça do mundo ou ver quem foi a última personalidade a bater as botas.

Na verdade, faz tempo que eu não vejo um plantão. Tenho a impressão de que, no sentido de preservar a integridade cardíaca de seus telespectadores, a Globo diminuiu um pouco o uso deste recurso. Mas o plantão já está tão colado no imaginário popular como sinônimo de morte que provoca reações inacreditáveis nas pessoas.

Por exemplo: na casa da minha avó, o telefone fica posicionado de forma que você não consegue ver a TV, mas ouve muito bem o áudio do aparelho. Certa vez, dona Margarida falava com minha mãe ao telefone, com a televisão ligada. Conversavam sobre assuntos do dia-a-dia, nada demais. De repente, toca aquela sinfonia do apocalipse.

Minha avó (desesperada):

- AI, MEU DEUS! PLANTÃO!

Sem nem pensar, desliga o telefone na cara da minha mãe, quase derruba tudo o que encontrou pelo caminho e sai correndo para frente da televisão.

Cinco minutos depois, mais calma, minha avó liga de volta:

- Ah (quase que decepcionada), morreu um homem aí que eu nem sei quem é...

A vítima da vez havia sido o escritor mineiro Fernando Sabino. Imaginem se ela soubesse que era...

7 de agosto de 2007

No mundo da "elite branca de São Paulo"

Convocada para cobrir os dois últimos eventos do Athina Onassis Internacional Horse Show, evento de hipismo que sacudiu os endinherados da cidade, adentrei neste final de semana no maravilhoso mundo da, como diria Cláudio Lembo (lembra dele?), "elite branca de São Paulo".

Nada poderia ser mais burguês: 10 milhões de reais para equipar a nada capitalista Sociedade Hípica de São Paulo, cavalos que valem a minha vida e a de todos os leitores deste blog (juntas), mulheres cheias de botox, muita (mas muita) chapinha, stands vendendo carrões de luxo, haras, selas que valem um ano do meu trabalho, etc, etc... tinha até uma mini loja da Daslu, que de tão cheia até me lembrou a C&A - com a diferença de algumas centenas de reais para cima nos preços.

Independentemente de tudo isto, meu objetivo principal (além de escrever matérias sobre a competição, claro) era poder ver a própria Athina pessoalmente e convidá-la para tomar uma sopa de feijão lá em casa, de forma que eu pudesse me gabar até o final dos tempos de ter visto em uma só pessoa todo o dinheiro que eu jamais poderei imaginar. Ah sim, também queria ter a oportunidade de desfrutar de um tratamento à imprensa ao melhor estilo "boa comida e excelente bebida".

Pois bem, no sábado apenas ouvi comentário de que não sei quem havia conseguido uma foto desta mocinha antisocial. No domingo, porém, assim que coloquei o meu pézinho postulante a chique na Hípica, visualizei uma mulher loira rodeada por câmeras. Infelizmente não era a herdeira do clã Onassis: tive que me contentar em ver a Ana Hickman e desfrutar de refrigerante, água e café "de grátis" - porque comida para o homo imprensius nem pensar.

Mas o pior estava por vir: além de eu não conseguir as entrevistas exclusivas que eu estava planejando, Deus resolveu tirar um sarro com a minha cara. Primeiro, um cara muito, mas muito, extremamente feio resolveu me xavecar. Sério, não é sacanagem minha: o cara era digno de entrar naquele site, o uglypeople.com . De qualquer forma, consegui controlar a situação perante a pessoa mais feia que eu já vi em toda a minha vida. Era o fundo do poço.

Passada a entrevista coletiva, resolvi sair da sala de imprensa. Lá estavam esperando por autógrafos do Doda, um grupo de meninos por volta de seus 11, 12 anos de idade com a chatice digna de pré-adolescentes mimados da elite branca de São Paulo. Um deles me abordou e seguiu-se o diálogo abaixo:

Ele: Ow, você não que conhecer meu amigo? (apontando para um molequinho de uns 11 anos com cara de pirralho)

*** Modo moral no fundo do poço, embaixo de dez metros de cocô on***

Eu: Que isso? Olha o tamanho dele...

Outros amiguinhos: Aeeeeee (tirando um sarro do molequinho)

Ele: Aff, e olha o SEU tamanho!

*** Modo moral no fundo do poço, embaixo de vinte metros de cocô on***

Eu: É, mas pelo menos eu já saí das fraldas!

Outros amiguinhos: Aeeeeee (tirando um sarro do molequinho)

Antes de me trancar pelo resto da eternidade em um quarto isolado e escuro, ainda consegui pensar um “Tomanuku” para esses filhinhos-da-elite-branca-que-depois-crescem-e-espancam-domésticas-no -ponto-de-ônibus.

1 de agosto de 2007

E a população de fo.. de novo!

Pela 214ª vez este ano, o Sindicato dos Metroviários anunciou greve. É claro que os trabalhadores têm que lutar pelo seu direito, ainda mais em um país contaminado pelo conformismo, mas na minha opinião este caso já estourou os limites da palhaçada. Uma hora é greve por causa de aumento de salários, outra por participação nos lucros atrasada, depois porque a Emenda 3 vai ser aprovada, aí chega a vez de parar porque Marte não está em conjunção com Saturno ou então porque o William Bonner usou gravata vermelha....

Não conheço o Metrô por dentro, sequer tenho um metroviário no meu círculo de conhecidos. Mas até que ponto é válido prejudicar 2 milhões de passageiros diretamente e uma cidade inteira indiretamente? Não votei no Serra e a minha intenção aqui não é defender o governo do PSDB (muito menos do PT - aliás, como vi outro dia no Orkut, está cada vez mais difícil votar e não se arrepender). Mas será que não existe medidas no Judiciário para fazer o governo estadual cumprir o que deve (se é que não o cumpre)?

Engraçado que os metroviários dizem estar defendendo os direitos dos trabalhadores, mas não pensam, por exemplo, na faxineira que sai de Itaquera e precisa trabalhar nos Jardins, no estudante que vai fazer uma entrevista de emprego, no atendente de telemarketing que bate ponto no centro da cidade, no tiozinho que tem consulta marcada no Hospital das Clínicas há dois meses. Engraçado que o grande número de greves coincida com a gestão de José Serra. Então no tempo no Alckmin tudo era uma beleza? Ou então tudo ficou ruim em um passe de mágica? Quem sabe ainda os metroviários ficaram politizados de um dia para o outro...

Engraçado que cada hora o motivo da greve é diferente: por que não fazer uma paralisação colocando tudo isso em pauta? Será mesmo que o Metrô é uma empresa tão maquiavélica assim?

Pode ser puramente uma impressão, mas sempre que vejo um destes líderes do sindicado na TV, eles me parecem puramente interessados em usar de refém a população e os próprios funcionários da companhia, iludidos por qualquer discursinho de uma falsa esquerda (aliás, isso é uma constante no país, vide reeleição do Lula) que só quer defender os seus privilégios, da mesma forma que faz parte daqueles que eles próprios criticam.

Se greve é o único jeito de o governo ouvir as reivindicações dos trabalhadores por que é raro ver outras categorias de funcionários públicos entrarem em greve com tanta frequência? Conformismo ou fala de disposição em fazer politicagem barata?

E a população se fo.. de novo! Bem diz a minha mãe: o seu direito termina onde começa o meu.

* Sempre admirei o Metrô, para mim, uma das melhores coisas de São Paulo (apesar de uma série de defeitos, como o alto perço da passagem)