1 de agosto de 2007

E a população de fo.. de novo!

Pela 214ª vez este ano, o Sindicato dos Metroviários anunciou greve. É claro que os trabalhadores têm que lutar pelo seu direito, ainda mais em um país contaminado pelo conformismo, mas na minha opinião este caso já estourou os limites da palhaçada. Uma hora é greve por causa de aumento de salários, outra por participação nos lucros atrasada, depois porque a Emenda 3 vai ser aprovada, aí chega a vez de parar porque Marte não está em conjunção com Saturno ou então porque o William Bonner usou gravata vermelha....

Não conheço o Metrô por dentro, sequer tenho um metroviário no meu círculo de conhecidos. Mas até que ponto é válido prejudicar 2 milhões de passageiros diretamente e uma cidade inteira indiretamente? Não votei no Serra e a minha intenção aqui não é defender o governo do PSDB (muito menos do PT - aliás, como vi outro dia no Orkut, está cada vez mais difícil votar e não se arrepender). Mas será que não existe medidas no Judiciário para fazer o governo estadual cumprir o que deve (se é que não o cumpre)?

Engraçado que os metroviários dizem estar defendendo os direitos dos trabalhadores, mas não pensam, por exemplo, na faxineira que sai de Itaquera e precisa trabalhar nos Jardins, no estudante que vai fazer uma entrevista de emprego, no atendente de telemarketing que bate ponto no centro da cidade, no tiozinho que tem consulta marcada no Hospital das Clínicas há dois meses. Engraçado que o grande número de greves coincida com a gestão de José Serra. Então no tempo no Alckmin tudo era uma beleza? Ou então tudo ficou ruim em um passe de mágica? Quem sabe ainda os metroviários ficaram politizados de um dia para o outro...

Engraçado que cada hora o motivo da greve é diferente: por que não fazer uma paralisação colocando tudo isso em pauta? Será mesmo que o Metrô é uma empresa tão maquiavélica assim?

Pode ser puramente uma impressão, mas sempre que vejo um destes líderes do sindicado na TV, eles me parecem puramente interessados em usar de refém a população e os próprios funcionários da companhia, iludidos por qualquer discursinho de uma falsa esquerda (aliás, isso é uma constante no país, vide reeleição do Lula) que só quer defender os seus privilégios, da mesma forma que faz parte daqueles que eles próprios criticam.

Se greve é o único jeito de o governo ouvir as reivindicações dos trabalhadores por que é raro ver outras categorias de funcionários públicos entrarem em greve com tanta frequência? Conformismo ou fala de disposição em fazer politicagem barata?

E a população se fo.. de novo! Bem diz a minha mãe: o seu direito termina onde começa o meu.

* Sempre admirei o Metrô, para mim, uma das melhores coisas de São Paulo (apesar de uma série de defeitos, como o alto perço da passagem)

3 comentários:

Felipe Held disse...

Engraçado, tive esse mesmo pensamento que você. Talvez porque nós que nos fo...remos com a tal greve.

É exatamente nesse momento em que a ministra deveria vir a público e aconselhar a população a relaxar e gozar.

Anônimo disse...

É, mas é bom lembrar que de quatro anos para cá, ou seja, entre a última metade do governo Alckmin no estado e a metade do governo Serra na prefeitura/estado, a CET já ameaçou entrar em greve, os professores do estado entraram em greve, estudantes entraram em greve, servidores da Saúde em alguns hospitais do estado e do município entraram em greve, em março último trabalhadores da limpeza pública ameaçaram entrar em greve, polícia civil de SP entrou em greve. No âmbino nacional, já na metade do primeiro mandato e início do segundo mandado do Lula, funcionários do Banco Central entraram em greve, servidores do INSS entraram em greve, funcionários do Ministério da Cultura estavam em greve até a metade de junho, até funcionários dos Ministérios da Agricultura Saúde e Fazenda entraram em greve, bem como trabalhadores da Funai, da Funasa, do Incra e até do Ibama!!!.

Anônimo disse...

Mais um texto brilhante, como sempre (nossa, eu tô muito puxa-saco, né? hehehe).

Também não votei nem pretendo votar no Serra ou no PSDB. Mas é preciso ser muito ingênuo para não enxergar o aparelhamento ideológico desses movimentos de uns tempos pra cá.

E protestar ferrando o direito básico de ir e vir da população não é protesto. É crime.

Beijo