13 de dezembro de 2008

O espírito natalino

Estava lá eu essa semana, sentada quietinha em um dos bancos da frente (e solitários) do ônibus, lendo o meu livro sossegada. Daí, no ponto em frente ao "Quarteirão da Saúde", em Diadema, entra um cara com toda pinta de mano e fala/grita para o motorista:

- Tem duas muié brigando no busão aí da frente!

Pensei comigo: "Ah, esse mano aí só tá querendo tirar uma com a cara do motorista...". E voltei a ler o livro.

Só que segundos depois, comecei a ouvir de longe gritos de mulheres. O referido ônibus da frente também começou a demorar mais que o normal para sair do ponto. Porém, como eram daqueles veículos sem janela traseira e na calçada nada de anormal acontecia, pensei comigo: "Ah, fiquei com a história no inconsciente e estou imaginando coisas...". E voltei a ler o livro.

Nem uma frase lida depois, eis que surgem na calçada duas mulheres, uma mais agarrada que carrapato no cabelo da outra, com olhar de "Chuck, o Brinquedo Assassino" e soltando toda sorte de impropérios.

Não preciso nem dizer: é óóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóbvio que a esta altura todo o meu ônibus já estava na janela em busca do melhor lugar para acompanhar a briga. Posso dizer que era uma privilegiada porque da minha posição eu tinha uma boa visibilidade para o duelo. Mas certamente eu iria para a janela se não estivesse lá.

Foi então que surgiu um cara, daqueles gordo e alto (o popular armário), e conseguiu separar as duas, que continuavam ensandecidas e gritando palavras que eu não vou reproduzir aqui porque isso é um blog de família. Uma delas então pegou um objeto preto - imagino que fosse a bolsa da outra - e jogou no meio da rua entre os carros. Isso voltou a emputecer a adversária, que só foi segurada pela turma do deixa-disso.

Então, entre cabelos desgrenhados e unhadas na cara, os ônibus partiram e começou o debate. "Por que briga de mulher é só cabelo? Tem que dar é chute no estômago!", uma disse. Outro, que havia entrado no ônibus durante a confusão, completou: "O cara que estava separando tinha jogado as duas para fora do ônibus com tudo. Ha-ha-ha". Mas quem resumiu tudo, com muita sabedoria, foi o motorista:

"É o espírito natalino".

8 comentários:

Victor disse...

Hehehehe, isso me lembra a vez em que, à meia-noite de um dia 24/12, o Cinemax resolveu brindar seus espectadores com a exibição de... Sexta-Feira 13 - Parte 2.

Espírito natalino é o que há.

Anônimo disse...

Ho-ho-ho!

Anônimo disse...

Por que ninguém filma sascoisa?

Anônimo disse...

Motoristas de ônibus são os garçons do trânsito - dadas as devidas proporções. Têm sempre algo inteligente a dizer.

(OK, era pra ser em outro post, mas adorei o template novo.)

Carmen Guerreiro disse...

Espírito natalino só existe nos filmes americanos! Aqui na roça é puxão de cabelo para baixo. Aposto que a confusão começou com uma pisada no pé da outra com salto. Porque o paulistano não tem menos classe do que isso! Class all the way!

Joga elas em uma piscina de lama, põe o Gugu narrando e vira mais um domingo na TV brasileira. hahaha

Unknown disse...

Já sei o que vai fazer quando decidir largar o esporte: virar cronista!
Vai ser a melhor cronista do Brasil!!
Só você mesmo pra me fazer rir... Rsrsrs

Carolina Maria, a Canossa disse...

Victor - Só por curiosidade: você estava nesta sessão?

Fábio - :-D

Trotta - Sascoisa só me lembra que preciso comprar um celular com câmera com urgência.

Mané - Hum, na verdade esse é o primeiro motorista que eu vejo dizer algo inteligente - na época das eleições, teve um que foi de São Bernardo do Jabquara (olha que é longe) defendendo o Maluf! Valeu pelo elogio ao template. Bjo.

Carmenzita: Olha (modo preconceito on), conhecendo Diadema eu apostaria que elas estavam brigando por ômi mesmo (modo preconceito off). E até que sua nova (??) idéia para o domingo da TV brasileira não é ruim, já diria o grande Silvio Santos. Bjo.

Marcos: Fiquei atpe vermelha agora, hehehehehe. Bjo.

Nathi Luque disse...

Ótimooo!!! Morri de rir...