18 de setembro de 2008

"Antigamente é que era bom"?

Se tem algo que me irrita profundamente, são aquelas pessoas que ficam repetindo a todo momento que "antigamente é que era bom". Primeiro, porque demonstra uma rabujice sem limites e segundo porque isso não passa de uma crítica involutária a si mesmo: se "antigamente é que era bom" por que você/a sua geração deixou que as coisas virassem um lixo?

Não estou dizendo com isso que eu não gosto do passado ou que espanco meus avós. Pelo contrário. É que recentemente, eu tive uma prova escancarada de como as pessoas deixam-se levar por tais mitos e sentam no próprio rabo não agem de acordo com as suas palavras.

Durante as (toc-toc-toc) Olimpíadas, eu tinha que sair beeem cedo de casa, porque moro no fim do mundo tinha que bater ponto às sete da matina e fazer a cobertura dos fatos da noite pequinesa. Daí que um "dia" (entre aspas porque nem havia amanhecido ainda), eu estava chegando ao terminal próximo de casa quando, na hora de pegar o bilhete, caiu uma moeda da minha carteira.

Bem na minha frente, já passando pela catraca, estava um senhor - aliás, o número de idosos que pegam ônibus de manhã é inacreditável. Devem gostar de sofrer já que, na condição de aposentado de muitos deles, era plenamente possível fazer quase tudo em horários menos caóticos do transporte público.

Voltando: Minha moeda fez um baita barulho porque caiu justamente em cima daquela proteção de metais que cobrem o chão em volta de algumas catracas. Ou seja, bem perto dele.

O senhor se abaixou e pegou a moeda. Então, olhou para os dois lados ao melhor estilo pantera cor de rosa no auge da investigação e, "disfarçadamente", a colocou no bolso. Ok, ele não precisava saber que a moeda era minha, pois havia outras pessoas perto. Porém, moedas não costumam surgir do nada em chãos de catracas, de maneira que era óbvio que havia caído da carteira de alguém atrás dele.

Eu olhei a cena e desacreditei. Iria dar uma voadora nas costas dele Deixei quieto porque era somente cinco centavos e comecei a rir sozinha da situação. Uma pena que não existem remédios para caráter, senão me sentiria satisfeita em contribuir.

5 comentários:

david santos disse...

Olá, Carolina!
É o mundo que temos. Não vale a pena olhar o passado nem o futuro. Isto é uma perda de tempo. Vamos viver o agora, porque se o amanhã não chegar, também não nos fez perder tempo.
Abraços.

Anônimo disse...

Aleluiaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!! Carol, de volta ao blog, até que enfim! :)

Eu também não suporto esse papo de que "antigamente é que era bom". Até porque as pessoas podem ficar meio conformadas e, por inércia, simplesmente desencanarem de tentar fazer alguma coisa para mudar o que "hoje é ruim", né?

Além do mais, apesar dos pesares, quase tudo no mundo - eu disse QUASE tudo - melhorou de décadas pra cá. Sim, por incrível que pareça, o mundo está melhor que há 50 anos; o Brasil está melhor que há 50 anos; e eu ouso dizer que até as novelas estão melhores que há 50 anos (há 50 anos ainda não tinha novela, né? humpf!).

Como diz mestre Paulinho da Viola: "Eu não vivo no passado. O passado vive em mim".

Bem-vinda de volta, viu? Beijo!

Victor Bianchin disse...

Velhos no ônibus são uma praga... e fora dele também.

Não tenho paciência com velho folgado. E não cedo o assento cinza.

Felipe Held disse...

Demorou, hein?

Mas poxa, esses dias achei uma nota de 1 Real na rua e fiquei tão contente! :)

Carolina Maria, a Canossa disse...

David Santos - Sim, você tem toda a razão.

Fábio - Certa vez, meu tio disse o seguinte em uma reunião de família: "É, antigamente, não tinha esse negócio do povo descobri que está doente". E eu só pensei: "Claro, é por isso que todo morria de repente. Estava com tudo tão podre lá dentro que a medicina da época não tinha nem o que fazer". Acho que isso resume o espírito da coisa. E o Paulinho da Viola é mesmo um gênio.

Bianchin - Que medo. Você espanca seus avós?

Held - Ah, mas ela não apareceu dando todo o sinal de que que acabou de cair da carteira de alguém bem próximo cinco segundos antes. Ou tinha?