Quem conviveu por muitos e muitos meses naquele prédio bizonho da Avenida Paulista sabe que o
André, amigo da
Cinthia de Curitiba, tem absolutamente toda a razão em suas teorias: a primeira é que a Cásper Líbero é a
versão brasileira de Hogwarts. A segunda – descoberta recentemente – que assim que se passa por aquelas catracas, você está adentrando em um videogame.
Praticamente apertando o “Start” do seu SuperNes
(eu sou do tempo em que os 16 bits eram A tecnologia. Céus, como estou velha!).
Como assim um videogame, vocês devem estar se perguntando? E eu respondo: mais precisamente como um cartucho de plataforma. Você precisa ir conquistando pontos e tempo de prática para ter acesso a novos lugares. Pode reparar: há escadas e portas da FCL que você só descobriu depois de dois ou três anos circulando quase que diariamente por lá – na verdade, não necessariamente elas saem em algum lugar do planeta Terra.
É simples: elas sempre estiveram lá, mas os primeiroanistas, por exemplo, não possuem as habilidades e experiências necessárias para visualizá-los. Vou dar um exemplo: somente em um dia qualquer do meu último ano de Cásper é que, de um dia para o outro, quebraram uma parede do TB e atrás surgiu uma megasala. Já o teto do quarto e do quinto andar são praticamente um bunker de sobrevivência na guerra. Qualquer hora, vai aparecer uma piscina olímpica onde horas antes você julgava haver apenas uma parede.
Mas eu só escrevi tudo isso para contar uma das coisas mais legal que me aconteceram nas últimas semanas. Na condição de ex-estagiária e quartoanista, tive o direito de chegar praticamente à última fase do jogo – só falta agora derrotar o Browser e salvar a princesinha! Sim, eu subi lá na antena da Gazeta, um lugar cujo o acesso me foi negado milhares de vezes em quatro anos de faculdade.
Para começar: ao contrário do que eu imaginava, o 15º andar do prédio é só o início do fim. Descendo do elevador falante que aterrisa ali, você ainda deve virar à esquerda e subir um monte de escadas. É preciso subir, subir e subir até ficar bem cansado. Este é o momento em que você vai se deparar com... um portãozinho trancado. Daí, será necessário trocar todos os pontos acumulados nas fases anteriores pela chave que o abre e lhe dará acesso um tanto de escadas. Superados os degraus, você vai se deparar com um pequeno espaço de dois por dois a céu aberto que mais parece a laje de uma casa de periferia.
Faltou o varal e a roupa secando, mas deve ser porque o dia estava nublado. Mas não se decepcione: basta subir mais um pouco em uma escada que parece escada de casa de periferia que você estará no ponto mais alto de São Paulo (segundo o bombeiro que nos acompanhou (sim, éramos um grupo), o número 900 é o ponto mais alto da Paulista, que, por sua vez, é a avenida mais alta da cidade) e poderá observar absolutamente toda a cidade que nem é tão grande assim.
De lá, é possível ver a zona leste inteira sem correr nenhum risco. O Parque do Ibirapuera então, ó, é logo ali. Região da Berrini, Congonhas, Paulista com um monte de bonequinho lá em baixo... só não dá para ver São Bernardo porque (acho que) a gloriosa cidade do ABC Paulista fica dentro de um buraco, mais conhecido como vale.
Reza a lenda que o projeto inicial era torrar o dinheiro do Tio Cásper construindo o maior prédio de São Paulo na Paulista e de cujo topo – um terraço, ao estilo do Edifício Itália – seria possível visualizar o mar. Mas o dinheiro acabou antes e tudo ficou pela metade, ou talvez nem isso. O fato é que os 68 mil metros quadrados de área foram inaugurados em 1966, 17 anos antes da antena da TV Gazeta, que tem 85 metros de altura. Faltou apenas deixarem a gente subir no topo dela.
A construção mesmo, porém, começou por volta de 1947 (pensa que é fácil fazer aquele monte de labirinto?) e em 1991 a prefeita Luiza Erundina instituiu que ali seria o marco zero da avenida Paulista. A propósito, quem estiver passando perto do prédio por volta do meio-dia irá ouvir um insuportável e alto alarme, que antigamente tinha a missão de avisar que a última edição do jornal “A Gazeta” estava saindo. Sorte que eu subi lá depois das 12 horas...
Vou também aproveitar para desfazer uma lenda: a antena da Globo NÃO fica ali, mas sim em um prédio próximo. E o povo da Vênus Platinada é tão, mas tão folgado que eles foram subindo aquela joça o máximo que puderam, até a Infraero se tocar que estava começando a ficar perigoso para a rota dos aviões que descem em Congonhas. E, claro, trata-se da única antena da região que é pintada em tons prateados, contrariando a sinalização contra acidentes aéreos. Sim, estar fisicamente no alto da FCL é uma experiência espetacular, mas para poucos! Ainda bem que eu deixei de almoçar direito aquele dia. Pelo menos agora, eu posso morrer feliz.
(Canossa e a Zona Leste ao fundo - se você observar bem, vai enxergar o prédio do Banespa também)
8 comentários:
Carol, posso fazer invejinha? Eu não precisei esperar quatro anos para cumprir o meu jogo inteiro. Logo no primeiro ano de Cásper, fui chamada para fazer a cobertura de um evento, na FCL, para a "Impresa". Era um dia em que os funcionários tinham o direito de levar suas famílias para conhecerem o prédio. No tour pelo 900 da Paulista, estava incluído o topo do prédio. Formavam-se grupos, acompanhados de bombeiros, e chegávamos até lá. Como era "repórter", subi umas três vezes, acompanhando várias famílias! =)
Pronto. Fiz invejinha! Hehehe!
beijos
Hahahaha, sensacional! Juro por Deus que me lembro, mais ou menos, de um dia em que eu e um grupo de amigos tentamos chegar até o topo. Mas tenho a impressão de que alguém nos impediu (isso foi no primeiro ainda, se não me falha a péssima memória, hehe).
Você é muito chique, Carol! Adorei as fotos, mas na primeira é impressão minha ou você estava morrendo de medo de altura?
;P
Hahahaha... o Fábio tem péssima memória: nós quase fomos suspensos no primeiro ano da Cásper só porque descemos no 14º andar. Acionaram a Brigada de Incêndio! Mas aí valeu a desculpa de que éramos primeiro-anistas e não sabíamos (ainda) das (muitas) restrições do prédio da Casseta. Mas eu também subi lá em um esquema parecido com o da Thá. E fiquei impressionada com o monte de escadas que a gente tem que subir pra, de fato, encontrar a antena. Só lembro que venta uma barbaridade e tive medo de chegar no guarda-corpo e olhar para baixo :-(
Nossa, que legal! E eu nem sabia que era o ponto mais alto da Paulista!
Que sorte a sua que nesse dia não tinha um Donkey Kong no topo, jogando barris pelas escadas abaixo!
Faço minhas as palavras do Trotta.
Mas fiquei com a dúvida: como foi que Carol Canossa ganhou o passeio? Eles convidam pessoas aleatórias? :)
Canossa! Gênio!
Agora, eu du-vi-do você conseguir visitar a cozinha do Monet!
E o seu pedido é uma orfem. Entra aí: larivegauche.wordpress.com
Beeeeeijo
Repito a pergunta do Mané: como faz pra conseguir chegar no chefão? Tem algum código?
Apesar de que eu sempre fui ruinzinho pra fazer códigos no videogame. Raramente eu conseguia dar um haduken no Street Fighter.
No entanto, sensacional, Carol, muito bom! Também quero! hahahha
antiadware -Eu, não!
Thá -Pôxa, mas como você é estraga-prazeres, né? Brincedirinha à parte, é mó legal subir na antena gazeteira, né não? Fico imaginando sua experiência, com um monte de criancinhas correndo de um lado para o outro com várias mães atrás delas dando bronca...hahahahaha. Beijo!
Fábio -Mas como o senhor tem memória curta, nhei? E eu não estava com (tanto) medo da altura. Fotos não são exatamente o meu ponto forte!
Amanda -É, eu acho que todo casperiano já teve uma experiência parecida abortada por um bombeiro. O que varia é o nível de inclusão que cada um conseguiu naquelas escadas bizarras. Venta muito lá mesmo e realmente dá um medinho, mas a vista compensa tudo. Aliás, subir nas condições que você e a Thá subiram deve ser bastante divertido. Beijo!
Trotta -Desde 1994, aproximadamente, o Donkey Kong é do bem, esqueceu?
Mané -Ganhei o passeio por ter sido a pessoa de número 4.325.692.377 a passar o crachá na portaria! Mó sorte a minha! :-D
Monte -Eu até tentaria entrar na cozinha do Monet, mas não vou fazer isso porque eu não teria saúde suficiente para voltar e contar a história (a não ser que eu contrate a Zíbia Gasparetto). Deve ser cheio de gases tóxicos lá dentro, tipo a atmosfera de Saturno. Ouvi dizer, inclusive, que a Nasa andou fazendo uns experimentos lá.
E seu blog é espetacular. Já está adicionado nos meus favoritos!
Held -Sua pergunta foi respondida acima. É simples: basta ter sorte. Agora, cada vez que passo o crachá, fico na expectativa de ganhar outro passeio! Ou pelo menos um encontro com a Palmirinha (com a Mama Bruschetta, eu já tô feliz: peguei o elevador com ela(ele) fantasiada(o) esta semana. Tem coisas que só a Gazeta faz por você)
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