15 de abril de 2007

Manhã escatológica

Domingo. Aproximadamente sete da manhã. Eu no ônibus, a caminho do trabalho, pensando na morte da bezerra. De repente, um dos meus lugares preferidos no transporte coletivo fica vago. No banco ao lado, um homem dorme com jeito de quem passou a noite na balada e não vai acordar tão facilmente.

"Troco ou não troco de lugar?". Algo me diz para ficar onde estou. Resolvo permanecer. No terminal, um negão bem forte - do tipo armário - senta no banco em questão. A viagem segue tranquilamente.

De repente, o homem que dorme acorda com cara de perdido. Faz uma expressão de que algo não está bem. Um rápido movimento e ele tenta abrir a janela. A força não é suficiente, pois a janela está meio emperrada. Ele insiste. Nada. Já não há mais tempo. Alguns mililitros de líquido saem de sua boca e decoram o vidro pelo lado de dentro. Em outras palavras: ele gorfa. E volta a dormir como se nada tivesse acontecido.

O negão ao lado se mantém impassível até vagar outro lugar. Admiro de verdade estas pessoas com nervos de aço. Agradeço três vezes ao Senhor pela dica em forma de intuição dada alguns minutos antes. Tem dia em que as coisas realmente parecem conspirar a seu favor. Ou não, dependendo do ponto de vista.

5 comentários:

Anônimo disse...

Isso é que é post, não esse "dez mais" aí oportunista. Continue com essa sutileza temática, Canossa.

Anônimo disse...

Aaaaaaaah, Canossa! Parece até a vez que eu realmente encontrei o maníaco do metrô! urgh!

Nunca se pode ir contra a intuição.

Anônimo disse...

Agradeço três vezes ao Senhor pela dica em forma de intuição dada alguns minutos antes

Hahahahahahahahahaha!!!!!

Acho que o negão não curtiu tanto assim as coisas que conspiram a favor dos demais passageiros. Linda deve ter sido a cena do cara dormindo com aquela poça nos pés.

É nessas horas que o negão tinha que mostrar serviço!

Thiago disse...

Pessoas vomitândo no ônibus é coisa comum, já. Já vi umas três vezes criancinhas "indefesas" colocando o toddynho para fora via oral dentro do coletivo, a caminho da roça.

Yuri disse...

"Ou não, dependendo do ponto de vista" Ou não, Canossa? OU NÃO???
Olha que Deus castiga por ser tão mal-agradecida assim.

Moral da história: antes ter que ficar com varizes por não ter lugar pra sentar no busão do que levar a imagem, o cheiro e a sensação de levar um gorfo.