28 de julho de 2007

A minha pataquada (Pan, dia XV)

Foi com um pouco de choro e ranger de dentes, mas a seleção de vôlei conseguiu passar pela Venezuela. Digamos que o Bernardinho quase caiu na pegadinha do Navajas, o que ia pegar muito mal para ele depois do corte do Ricardinho. Enfim termina com chave de ouro (pegou o trocadilho? Hã, hã?) uma sexta-feira bastante vitoriosa para o Brasil. Eu quase me senti uma americana hoje dado o grande número de vitórias.

Fiquei bastante feliz por duas delas: a da ginástica rítmica (uma beleza de apresentação) e a da canoagem. A segunda eu explico: há pouco tempo fiz uma reportagem (com direito a "passeio" de barco pela Billings com retorno no meio da neblina) com a seleção brasileira e vi como os meninos batalham forte, junto com os técnicos Pedro Sena e Ákos Angyal, além de serem gente boa. Merecidíssimas as medalhas.

Mas é claro que não faltaram as pataquadas, uma delas protagonizada por mim. Por isso, em uma votação democrática feita comigo mesmo, resolvi me dar a medalha de ouro neste antepenúltimo dia de Pan. Uh-hu!

Medalha de ouro: O feitiço virou contra o feiticeiro
Era a final do boxe, entre o brasileiro e o norte-americano campeão mundial. De cara, o nosso glorioso deportista tupiniquim começa a encher o ianque de pancada. Faz 4 a 1. Ao meu lado na redação, Henrique comenta algo do tipo: "Olha, o Brasil vai ganhar ouro no boxe!". Respondo, na ânsia pela pataquada do dia: "Aposto com você como o americano vai virar no último round".

A luta segue, com o brasileiro sempre à frente. De repente, como se eu fosse a própria Mãe Dinah, minha previsão começa a se concretizar: o norte-americano reage e vai tirando a vantagem do representante verde-amarelo. Faltando mais ou menos um minuto para acabar a luta, ele vira o placar: 6 a 5! Não tenho a menor dúvida: arranco uma folha do meu bloquinho, escrevo em letras grandes "EU JÁ SABIA!" e começo, de maneira fanfarrona, a andar pela redação.

Mas eu não contava com a astúcia do brasileiro: uns 15 segundos antes de se encerrar a luta, ele vai pra cima do rival igual um louco e acerta dois golpes. Ou seja: vira o placar para 7 a 6. E sou obrigada a engolir o ouro legítimo de nosso glorioso esportista que "é brasileiro e não desiste nunca". Como diria Kléber Bambam: faz parte...

Medalha de prata: Viva o Co-Rio!
Claro que depois de mudar o horário da semifinal do vôlei masculino umas três vezes (tem que esperar "Paraíso Tropical" acabar) isso iria acontecer: gente que comprou ingressos pela Internet logo no primeiro dia de vendas (atrasada, diga-se de passagem) para o jogo do Brasil descobriu que na verdade tinha a entrada para ver Cuba contra Estados Unidos.

Traduzindo: o Co-Rio lesou o consumidor que comprou antes seu ingresso e pagou para estar no Maracanãzinho. E quem ainda tentou protestar tomou spray de pimenta da cara da, digamos, enérgica Força Nacional. A solução foi enfiar um monte de gente para ver o jogo de qualquer jeito dentro no ginásio. Além disso, existe a suspeita que alguns ingressos foram clonados.

Fica a questão: será que é tão difícil deixar claro desde o primeiro momento que, se o Brasil passar para a semifinal, independente da posição no grupo, o jogo seria às 22 horas? Não vou discutir os interesses da TV, até porque com ela o patrocínio aparece mais e é disso que vive o esporte. Mas um pouco de competência não faz mal a ninguém. Principalmente àqueles que querem abrigar uma Olimpíada.

Medalha de bronze: o glorioso tênis nacional
está até chato e repetitivo descer a lenha nos tenistas do Brasil, mas são eles que se superam. Este trecho da GE diz tudo:

"Os tenistas brasileiros estão fora das semifinais do torneio masculino de duplas dos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro. Poucas horas depois de garantir presença na decisão do torneio de simples, Flávio Saretta voltou à quadra ao lado de Marcos Daniel para enfrentar os dominicanos Victor Estrella e Jhonson Garcia, que acabaram levando a melhor: 2 sets a 1, parciais de 1/6, 6/3 e 11/9.

A virada dos representantes da República Dominicana foi espetacular. Além de terem de superar a pressão da torcida e o peso de ter perdido o primeiro set com apenas um game, os visitantes perdiam o super tie-break (que chega a 10) por 9 a 5 e conseguiram ganhar seis pontos seguidos para fechar o jogo"

Bom, pelo menos neste sábado o Saretta pode limpar um pouco a barra dos tenistas destas terras. Ou não.

Atualizado: Menção honrosissíma deste Pan (trecho retirado do blog do Felipe Held)

"Vacilo: De uns anos para cá, a ESPN Brasil vem dando um show de jornalismo esportivo, apesar de não ter nem de perto a verba e a influência que a Globosat, do Sportv. Às vezes há algumas derrapadas, e uma delas aconteceu há alguns instante. O Pedro Lima conseguiu a primeira medalha pan-americana de ouro do boxe brasileiro dos últimos 44 anos. Logo depois, o pugilista apareceu na redação da emissora instalada na Vila do Pan. Depois das perguntas de praxe, o Dudu Monsanto uma surpresa para o grande campeão: "A sua namorada Jacigleide (!) está na linha, Peu, o que você tem a falar para ela?". Começou. Peu e a gloriosa Dinha (ah, se não fossem os apelidos!) trocaram juras de amor. O auge foi quando o medalhista disse "Meu amor, nada vai mudar entre a gente depois dessa medalha. Você sabe onde eu tenho aquela tatuagem pra você, naquele lugar que eu não posso mostrar na tevê". Ai, Jesus!"

Atualizado II: Menção honrosissíma como "a melhor frase do Pan"
Durante a tarde desta sexta, a Sportv estava passando uma prova qualquer de atletismo e o brasileiro tinha cada vez menos chances de medalha. Aí, o narrador Milton Leite faz a pergunta para o André Domingos, aquele ex-corredor que não se destaca exatamente pela sua masculinidade:

- André, será que o fulano de tal ainda tem chances de medalha?

E o comentárista com uma voz que não se destacou exatamente pela masculinidade:

- Ai, no final, todos os gatos são pardos!

2 comentários:

Felipe Held disse...

Nossa, a Canossa! (também gosto dos trocadilhos, infelizmente)

Antes, honrado pela menção honrosa, até porque já vinha acompanhando o boletim das pataquadas do Pan por aqui.

Quanto à canoagem, achei legal o fato de as medalhas terem aparecido, sobretudo na canoa. O único problema é que a modalidade se despediu com, a meu ver, a maior lambança do Rio-2007 até agora, com o tombo do caiaque (se fosse de bicicleta, vá lá).

Já sobre o boxe, pensei a mesma coisa que você enquanto via a luta em casa. E teríamos acertados, não fosse a Dinha, que inspirou o Peu durante a luta. Acontece.

Unknown disse...

E por falar em ginástica rítmica...
Eu estava apaixonado por Jade, hoje é por Ana Paula Scheffer... Que beleza!

Opa, que beleza de apresentação!! Rsrsrs