19 de julho de 2007

De novo (ou "A maior das pataquadas" - Pan, dia VII)

(Flávio Florido/UOL)

Ainda bem que eu estava de folga hoje. Foi tenso, muito tenso. Precisaria me esforçar muito para conseguir escrever o relato do jogo. Aos poucos, o filme da semifinal das Olimpíadas de Atenas e da decisão do Mundial foram voltando à minha mente. Nunca tive plena confiança neste time, mas estava sim bastante otimista para a final do vôlei feminino no Pan.

Ao término do jogo, o sentimento foi de raiva, muita raiva. É inacreditável como, pela terceira vez, as brasileiras chegam como favoritas a um torneio, têm a vitória nas mãos e desperdiçam. Passadas algumas horas, com a cabeça já fria, sinto um misto de tristeza com perplexidade. Perder depois de ter SEIS match points? E justo para Cuba?

Pessoalmente, eu já tive a oportunidade de entrevistar quase todas as jogadores, exceto a Walewska, Sheilla e Érika. Gosto da grande maioria e mantenho a minha posição a respeito de que o time brasileiro é superior ao de Cuba, assim como era superior ao da Rússia. Só que, como estamos vendo pela terceira vez, não é só o aspecto técnico que ganha jogo. O emocional também conta muito. Esse é o calcanhar-de-aquiles do time. E vai ser cada vez mais, pois esta terceira derrota inacreditável tem tudo para voltar como um fantasma maior ainda na cabeça das atletas.

Eu também queria apontar culpados (as), mas não achei. A tendência é malhar o técnico José Roberto Guimarães. Porém, não concordo com isso: se alguém não teve culpa nesta derrota foi ele. Armou um time direitinho, dada as condições e o pouco tempo de treino que teve. Deixou quem estava rendendo mais em quadra... claro, agora pensando, lembro que talvez ele pudesse ter tirado uma das centrais para colocar a Thaisa. Só que recordo que a Fabiana conseguiu bons bloqueios e já fez excelentes partidas pela equipe, assim como a Walewska.

Talvez fosse o caso de tirar a Sassá para a entrada da Regiane, mas a Sassá era uma das poucas que conseguia encaixar um bom saque ao lado da Fabiana. Suposições, suposições... que, no fundo, para mim iriam todas desembocar na derrota. Vontade sobrou muita, apesar de o time não apresentar nenhuma liderança nata (Paula e Fabiana seriam dois bons nomes, mas parecem ter receio de assumir essa função). O que faltou foi psicológico. Isso faz com que a equipe não tenha uma jogadora considerada a "bola de segurança". Paula e Sheilla foram bem, mas também perderam lances decisivos. Fofão, coitada, também deu o seu melhor.

Não vou cair na fácil suposição de propor o Bernardinho para ser técnico da seleção feminina. Além de considerar o Zé tão competente quanto ele, acho que o assistente Paulo Coco exerce bem a função de gritar com a equipe. E para quem não se lembra, o próprio Bernardo já fracassou com uma geração tão boa quanto essa. Mesmo com nomes como Fernanda Venturini e Ana Moser, ele por duas vezes parou em uma semifinal olímpica em granes pataquadas do Brasil.

Agora, é esperar que até as Olimpíadas de Pequim esse time finalmente trabalhe a parte psicológica e vença. Mas confesso que, pelas estas três pipocadas, nem sinto mais vontade de torcer pela medalha de ouro. Apesar de saber que, daqui a um ano, vou estar de novo em frente da TV querendo que elas finalmente subam ao lugar que merecem: o ponto mais alto do pódio. Por ora, porém, me arrisco a dizer que a seleção feminina vai levar o ouro na eleição da maior pataquada do Pan.

Rapidamente...

A prata nas pataquadas do dia vai para a o vice do judoca João Gabriel Schlittler. Vi a luta e o brasileiro mereceu muito ganhar o ouro contra o cubano. Mas como a organização teve a competência de escalar um compatriota do rival para ser juiz, deu no que deu...

O bronze fica para o bem organizado torneio de beisebol, disputado em um agradável brejo, e que teve sua disputa de terceiro lugar cancelada por causa do atraso na programação. Ainda bem que tudo vai ser destruído depois, assim como foi feito com o dinheiro de quem paga impostos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Está claro que o problema com as meninas é de cabeça mesmo. E o Zé Roberto, grande são-paulino, não tem culpa. Elas precisam superar essa dificuldade enorme de lidar com a pressão nos momentos decisivos. Hoje foi foda mesmo.

Ah, e seu blog é uma delícia, sabia? Vou roubar teu texto então, viu? Há! :)