29 de fevereiro de 2008

O dia de 30 horas e a arte da procrastinação

Alguém aqui ainda se lembra daquele slogan do Unibanco, no qual o dia tem 30 horas? Ou daquele poder da Punk, a levada da breca, em que ela junta os dois dedos indicadores e pára o tempo? É, eu realmente precisava a aprender fazer esses truques. Eu ando com a leve impressão que o tempo tem passado mais rápido ultimamente. Quando percebi, já estava há quase 20 dias sem escrever aqui, a despeito da idéia de tentar atualizar o espaço com mais frequência.

A verdade é que, como diria a filósofa Narcisa Tamborindeguy, os últimos dias foram um "loucura". Na últimas três semanas eu engrenei de vez no novo (velho) emprego, fui trabalhar em Franca (juro que teve gente que pensou que tinha sido na França), colei grau, badalei na festa de formatura, ganhei cariucatura, dei entrevista para a Bárbara Gancia (e ganhei mais uma história bizarra na vida) e tive o direito de ter acesso a um dos lugares mais visados de um certo ponto de determinada avenida de São Paulo. Ah, e eu também comemorei o fato de a Escrava Isaura estar finalmente livre.

Mas isso tudo não é desculpa perto da minha grande procrastinação. Ando com uma incrível capacidade de me atrapalhar na hora de organizar as coisas que eu tenho de fazer e o blog é quem paga o pato. Se eu já tô assim em fevereiro, não tenho idéia do que será de mim no final do ano.

13 de fevereiro de 2008

Aniversário

Há exatamente um ano, este blog nascia de parto normal, no meio da madrugada e com muito sangue. Feitas as devidas limpezas no bebê, ele foi registrado como "Nossa, Canossa!" e passou a se desenvolver ao longo do tempo, alternando momentos de gracinhas encantadoras com birras memoráveis.

Atualmente, já engatinha com grande habilidade e consegue dar um ou dois passos em pé antes de se esborrachar no chão. De vez em quando também sofre com a febre ourinda dos dentinhos que estão nascendo, a qual todo pediatra insiste em denominar erroneamente como virose. Faz cocô durinho e fedorento.

Ainda toma leite no peito e come muita papinha, além de maçã e biscoitos em pequenos pedacinhos. Já balbucia algumas palavras e entende tudo o que dizem para ele. Em breve, estará correndo por esse mundo da Internet, que terá que tirar todos os objetos da parte de baixo do armário.

**********
A verdade é que quase toda a festinha planejada para o primeiro ano deste blog deu errado. Primeiro, porque a minha idéia inicial era comemorar este dia com o post de número 100. Até tentei me programar, mas acabei vacilando e esta pe a 93ª mensagem escrita nesta página.

Depois, eu também tive a maravilhosa idéia de comemorar esta primeira primavera (trava língua!) mudando o layout da página. Entretanto, fui acometida por uma crise de criatividade e não consegui pensar em nada de bacana. Como eu não queria somente mudar as cores, o "Nossa, Canossa!" vai ficando verde e laranja por enquanto... ou melhor, se alguma boa alma se dispor a fazer isso para mim ganha um almoço acompanhado por mim em um lugar barato e que aceite VR.

E, em terceiro lugar, a idéia era colocar este post no ar logo nas primeiras horas do dia 12, mas isto não foi possível porque a Internet ficou mais de 24 horas fora do ar aqui em casa e também porque hoje eu trabalhei bastante e somente agora eu pude redigir estas linhas. De qualquer forma, um "arigatô" a todos os leitores.

Mas há uma coisa que deu certo nas comemorações, afinal eu finalmente vou atualizar os blogs linkados aí na direita e que valem a pena serem lidos: agora estão adicionados o "Prefiro Pegar Pneumonia e Morrer", do excelente Victor Biachin (está meio desatualizado, mas tenho fé que ele ainda vai nos divertir mais), o "Paris na Linha", que conta as aventuras francesas do glorioso Elói Silveira, o "Quotations", da sempre ótima Carmen Guerreiro, o "Martini Seco", dos leitores (quase) anônimos Gabriel e Léo Barbosa, o "Ponto de Fuga", da pertinente Amanda, o "D'Propósito", da pensadora Camila Dayan e o recém-descoberto "Publicações Vol.3", da Marilia Zannon.

Ah, também aproveito para tomar vergonha na cara e finalmente enterrar o finado "Indecências", e transformá-lo no novíssimo "Enaoltil", ambos escritos ótima contadora de causos Lelê, que é irmã do Rodrigo Martin e amiga do Elói. Tem também as fotos do Túlio Vidal, com destaque especial para a denominada "Mãe e Filho". De famosos, vou apenas colocar o do PVC, que é o melhor comentárita de futebol deste país. Saem de cena o "Perólas das Assessorias..." e o "Balde de Gelo", enquanto Juca Kfuri estará com o link a prêmio até passar a má fase e ele voltar a ser o espetacular jornalista que é.

Para finalizar, digo/escrevo que pretendo copiar o Trotta e, na medida que a minha procrastinação permitir, responder aos comentários. Só para finalmente terminar mesmo, inicio a campanha: "Vitim, Monte, Nara e mamãe, façam um blog!".

10 de fevereiro de 2008

Da série: "Coisas futebolísticas bizarras do mundo" - Parte II

Quem é que nunca torceu por uma autêntica videocassetada naquelas comemorações circenses do futebol? Pois é, já aconteceu...



O lance é da final do Campeonato Gaúcho de 1977, entre Grêmio e Internacional. Os dois times haviam empatado em pontos durante a fase final, o que provocou a necessidade de um jogo-extra. A decisão foi vencida pelo Tricolor dos Pampas por 1 a 0, ou seja, justamente o gol do vídeo.

Alucinado pelo próprio feito, o centroavante André Catimba quis dar um salto mortal. Só que sentiu uma fisgada na coxa em pelo vôo (as más línguas dizem que, na verdade, ele se atrapalhou), tentou uma abortagem da operação, um pouso de emergência... mas acabou mesmo se estatelando no chão. Teve que ser substituído.

A foto do lance é tão legal quanto o vídeo. Uma pena que na época as transmissões de TV não tivessem 5234 câmeras espalhadas pelo campo para captar melhor este momento épico...




OBS: Para saber mais sobre lesões bizarras, vale a pena dar uma olhada nesta coluna aqui do Eduardo Viera da Costa, na Folha Online.

8 de fevereiro de 2008

Caminhos do Coração

Quanto mais duas pessoas estudam, mais intelectuais vão ficando seus papos e melhor é o nível de suas opções culturais, correto? Talvez nem sempre. Eu tenho um primo lá em Minas que é formado em letras, tem pós-graduação e chegou ao patamar de ser um professor respeitadíssimo. Definitivamente, não lhe falta emprego, seja em escolas públicas, particulares ou em cursinhos. Na sala de aula, é visto como um mestre bastante exigente, além de dono de uma excelente metodologia para explicar a matéria. Porém...

Adivinhe qual foi o programa televisivo que mais o divertiu no período de férias? Não, não, esqueça programas da TV Cultura. Telespectador que seria visto como exemplar pelo bispo Macedo, ele passa parte considerável do tempo na Record. E você pode ter certeza que toda noite, ele estará no canal 7 (que lá não é 7, mas 11, eu acho) assistindo a melhor novela da atualidade: “Caminhos do Coração”, aquele folhetim permeado por mutantes.

O pior é que ele tanto me falou sobre as aventuras do policial federal Marcelo e da mutante Maria (o casal protagonista da novela) pela clínica da Dra. Júlia (que criou os primeiros mutantes através de modificações genéticas), que eu resolvi assistir. E me viciei, o que é pior. Mas o fato é que, à sua maneira, a versão tupiniquim de X-Men e Heroes, é muito boa de tão tosca. E ainda tem a participação de nomes como Preta Gil, Toni Garrido e Fafá de Belém!

Não deu outra: logo a gente estava gravando os trechos que tinham a aparição do vampiro e do lobisomem para assustar nossos priminhos. Mas os efeitos são tão ruins que logo eles estavam mesmo era se divertindo e pedindo para rever os capítulos. Por coincidência, creio que nesta mesma época um monte de gente também passou a ver a novela, de maneira que a Record perdeu completamente as estribeiras e hoje praticamente todos os personagens são mutantes. Sabe como é, um vampiro vai mordendo um humano, o outro adquire o vírus da mitrancopia (do lobisomem)...

Mas se as mutações se limitassem somente a vampiros e lobisomens, estava bom. Acontece que a novela virou um samba do criolo doido e atualmente podem ser vistos a mulher hipnótica, o homem super-rápido (que tem um calcanhar-de-Aquiles. Ganha um doce quem adivinhar com ele chama), um bebê que cresce rápido demais, um homem invisível, outro que se transforma em qualquer pessoa (este dois são do mal), a menina com asas, a que cura todas as doenças,a mulher pantera, o cachorro que vira homem e (pasme) até a Iara. O detalhe é não vai parar por aí: eu li no jornal que em breve serão introduzidos um sapo-gigante, um minotauro e um dinossauro (!).

Nem a dra. Júlia escapou: depois de ser mordida pelo primeiro vampiro, ela agora também está sedenta por sangue. Para quem não entendeu nada, aqui vai um breve resumo: a Maria, que é super-forte (foi a primeira mutante criada), trabalhava em um circo quando, depois de uma festa, passa a ser acusada de matar o dono da Progênese, a clínica que fez os mutantes. Aí, ao lado do policial Marcelo (que quer descobrir quem envenenou sua esposa), ela passa a viver escondida para descobrir quem é o verdadeiro assassino. Enquanto isso, a produção dos mutantes – que será feitos em uma ilha no Guarujá – perde o controle.

Se você nunca assistiu, saiba que pode começar a fazê-lo a qualquer momento, visto que os diálogos são tão bobocas que todo dia eles basicamente explicam o que aconteceu nas duas últimas semanas. Serve ainda para ver uma pancada de atores que não conseguiu subir na Globo e agora tem que se submeter a este constrangimento. Destaque para aquele Cláudio Heinrich, que faz um gay absurdamente estereotipado, cuja música tema é “Robocop Gay”, dos finados Mamonas Assassinas.

Eu recomendo.

OBS: Quarta-feira, segundo o Ibope, “Caminhos do Coração” fez pela primeira vez um capítulo de novela da Record ficar o tempo todo na frente da Globo, que passava os mutantes do Corinthians.

6 de fevereiro de 2008

Sobre o título da Beija-Flor

Só tenho uma coisa a dizer:
http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL22422-5606,00.html

Deixaram acontecer de novo. Garfaram a Viradouro e a Portela, que, pela primeira vez em toda a minha vida, fez um desfile decente (o Fábio que me perdoe, mas nos anos anteriores não ganhava nem em SP).

Só bem-feito para a Estação Primeira de Mangueira: em um ano no qual deixaram os cem anos do Cartola de lado (deveria ser o enredo, não oum carro jogado no fim do desfile), não se desculparam com a Beth Carvalho e, pior, permitiram que o tráfico arranhasse a imagem deste patrimônio cultural brasileiro, a escola tinha mesmo era que se ferrar.

Até os deuses se manifestaram e o único desfile no qual choveu foi justamente o da verde-rosa. Só não caiu para a segundona do Carnaval porque no Rio há o estranho hábito de se prejudicar agremiações menores (vide o próprio campeonato fluminense de futebol).

Voltamos agora à nossa programação normal.

Apuração, o melhor do Carnaval

E eis que é chegado o final de mais um Carnaval. Tempo de bailes, desfiles, alegria, trio-elétricos, folia... para tudo terminar na Quarta-Feira de Cinzas. Não que eu não goste da festa mais popular (?) do país, mas o fato é que pertenço àquele pequeno grupo que se diverte muito mais agora, justamente no fim da festa. E isso porque é tempo da maravilhosa e divertida apuração dos desfiles das Escolas de Samba.

Sejamos honestos: se alguém na Globo se enganar e colocar a fita dos desfiles do ano passado como se fosse ao vivo, 90% da população só iria se ligar depois de algumas horas. E isso talvez porque o BBB liberado para ir até a Sapucaí fosse diferente. Definitivamente, ver a diversão dos outros pela TV não é das tarefas mais espetaculares do mundo.

O fato, porém, é que todo aquele interminável desfile com uma lógica que só o carnavalesco entende, recheado de mulheres seminuas (com um cara tocando pandeiro e passando a mão no bumbum delas), gente fantasiada, discursos sobre a “alegria do povo brasileiro” e alegorias pseudoinovadoras só serve para justificar o grande momento proporcionado pelo público que é a apuração das notas recebidas pelas escolas.

Vamos pensar: se não há uma pessoa no universo que agüente assistir todos os desfiles com atenção (talvez o Chico Pinheiro consiga, mas a Leci Brandão quase cochilou ao vivo, além de pigarrear no microfone...), qual você acha que é o critério estabelecido para se distribuir notas? É óbvio que os jurados dormem! E isso ficou muito evidente em 2007, quando uma jurada se esqueceu de dar uma nota para a Acadêmicos do Tucuruvi. Espetacular. Além do mais, qual a integridade de um julgamento onde as escolas podiam dar presentes aos jurados? No qual médicos davam nota para quesitos como alegorias?

Mas isto não é uma reclamação, pelo contrário. Se julgamento de escola de samba fosse uma coisa séria, não nos divertiríamos tanto – a propósito, fica aqui o meu protesto quanto à mudança do regulamento em São Paulo, onde agora são descartadas a menor e a maior nota, evitando assim que um jurado mal intencionado possa foder uma agremiação e provocar xingamentos e brigas absolutamente hilárias. Legal mesmo são os sistemas de pontuação bizonhos do Rio, onde um jurado dá 9,9 e outro dá 9,1. Qual o critério? Sei lá, talvez nem eles entendam direito qual a diferença de “evolução” para “conjunto”. Afinal como julgar “melodia”? E o que é exatamente “harmonia”?

Sem contar que apuração de escola de samba é muito mais emocionante que qualquer jogo de futebol. A campeã sempre é decidida na última nota, geralmente no critério de desempate ou por diferenças mínimas. E tudo graças a um narrador inigualável, Jorge Perlingeiro, o homem do vozeirão, que todos os anos nos brinda com um:

- Atenção para a abertura dos envelopes das notas.. Quesito (pausa de 3 segundos): Alegorias e adereços. (pausa de 3 segundos). Jurado: Jefersandro da Silva. (pausa de 3 segundos). Estaaaaação Primeira de Mangueira. Nota: (pausa de 5 segundos). DÉÉÉÉÉZZZ.

As imagens das quadras, com um bando de doentes pulando (com delay) e amassados igual sardinhas enlatadas também são um espetáculo à parte. Assim como os comentários imbecis dos narradores da Globo. Na apuração paulista deste ano, por exemplo, o Maurício Kubrusly insistia em dizer toda hora que “naquele momento a Gaviões estava na frente”. Detalhe: a Gaviões era a primeira a ter notas divulgadas. Dã.

Mas antes disso, as torcidas já se provocaram até não agüentar mais, além de terem homenageado as mães de todos os jurados. “Filho da p.... filho da p...”, sendo gritado em coro por causa de 0,25 pontos (voz irritada do presidente da escola modo on) “de um jurado mal-intencionado que destruiu todo o trabalho de um ano inteiro da comunidade da Vila Patotinha. Ano que vem a gente não volta para a essa safadeza”. (voz irritada do presidente da escola modo off). Promessa que graças a Deus não será cumprinda: no ano seguinte eles estarão lá me divertindo de novo!